Na vida, passamos por muitas pessoas. Com cada uma aprendemos um pouco. Aprendemos como se deve ser, ou, ao contrário, como não se deve ser. De toda forma, todas têm algum recado para nos dar. Em todos esses anos de magistério e de consultório, tenho estado com muitas pessoas, escutado histórias de doenças, separações, perdas familiares e dramas pessoais. Muitas histórias são tão terríveis, que, algumas vezes, eu me pergunto se teria suportado. Se teria sobrevivido a tanta dor.
Mas, eis que aquelas pessoas estão ali, confiantes de que, sim, elas sobreviverão.
Estão caídas, capengas, mas buscam um amparo para retomar seu caminho. Muitas disfarçam tão bem, que jamais, em outro contexto, imaginaríamos o tanto que aquela pessoa sofreu. Dor, cada um tem a sua. Não há quem não tenha. Cada um leva a sua dor como pode. Mas o que me encanta é acompanhar o ressurgimento da vida após cada baque.
Recolhe os pedaços do que sobrou. Cola. Refaz. Recomeça. Recria. Acha conteúdo onde outros só enxergariam a falta. Como uma lagarta que se prepara para a mudança, rompe o casulo, se arrisca, muda de roupa – e segue em frente. Assim se elabora um luto. É assim que, quando dá certo, a pessoa sobrevive às suas tragédias pessoais.
Tenho visto também, por outro lado, pessoas que aparentemente não enfrentam grandes dificuldades (digo aparentemente porque alma é terra que ninguém pisa). Mas encaram ciscos como se pedregulhos fossem. Reclamam, se debatem, se revoltam. Em situações que outros simplesmente contornariam, elas sentam, empacam e ficam. Muitas esperam, para um dia , quem sabe, serem felizes. Talvez um amor perfeito, um emprego perfeito…Nada parece lhes satisfazer. Tudo é muito pouco. Vagam pela vida como bichos de luz. Rodam em volta de brilhos falsos. Gastam um montante enorme de energia indo a lugar nenhum. Têm asas, mas não usam para grandes fins.
E você, o que é: borboleta ou bicho de luz?
Mônica Raouf El Bayeh
Beijos, e bom final de semana!
Dani Carvalho